sábado, 24 de abril de 2010

Folha em Branco

Eis que é chegada a hora onde devo colocar no papel tudo aquilo que sei.
Entretanto, por mais que eu me esforce, a folha ainda permanece em branco: não há nela nenhuma frase, palavra, nem ao menos um simples traço que demonstre uma mínima tentativa de preenche-lá.
Estou tentando, estou tentando, ... o tempo passa e nada vem.
Meu coração começa a ficar acelerado, minhas mãos frias e meu pé direito não para de bater no chão. Nesse instante, já estou convicto de que o melhor a fazer é entregar assim mesmo, reconhecer que não foi possivel e ter muita fé que depois que a folha for entregue ninguém irá perguntar como foi o meu momento de reflexão individual.
Entreguei a folha, mas porque será que ela ficou em branco? Para quem seria interessante a folha permanecer em branco? E se ela não ficasse em branco, mas fosse preenchida com um conteúdo que não fosse o imposto, considerariam a folha como se estivesse em branco? Se eu enchesse a folha com a palavra branco ela permaneceria em branco? (...).
O interessante é que a folha não voltará em branco, mas sim com um número redondo escrito com caneta vermelha, bem no canto da página.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Certa vez - durante uma daquelas aulas onde supostamente há um debate, mas que na verdade não passa de um monólogo demasiadamente longo - o professor olhou para uma de suas alunas e pediu para que ela contasse aos demais o que ela compreendia por conhecimento.
A aluna, perturbada pelo pedido, tentou formular rapidamente uma resposta que podesse demonstrar toda a erudição e a maturidade que ela não possuia. Respirou fundo. Olhou para os lados. Encarou p professor e desistiu de recorrer aos autores que leu e que nunca consegiu compreender. Buscou a si mesma para responder tal questão. Se ela conseguiu se encontrar entre o emaranhado que eram os seus pensamentos, eu não sei, entretanto posso dizer quais foram as suas palavras. Intimidada e com a voz tremula, a aluna comento:
- Conhecimento é um monstro devorador. É uma serpente que aos poucos se aproxima e prepara o seu bote, pegando de surpresa a sua vitima, matando-a aos poucos com o seu veneno.
É paixão avassaladora que chega, arde, machuca e da mesma forma que veio se vai deixando apenas o que sobrou de um pobre coração.
É uma flauta enfeitiçada que através de sua doce melodia leva os enamorados para o abismo do esquecimento localizado na prateleira ao lado dos livros sobre solidão.

O professor ouviu em silêncio as suas palavras, pois existem coisas que só o tempo é capaz de explicar.